Alguém lembra o que aconteceu em 17 de junho de 2009? Se a resposta for não, não se sinta mal. De lá pra cá foram 365 dias e o fato, com certeza, foi o menos repercutido na imprensa brasileira.
Nessa data, o Supremo Tribunal Federal (STF), liderado pelo seu Presidente (na época) Gilmar Mendes, “em nome da liberdade de expressão” votou pela não obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo. E o que eles ganham com isso? Diretamente nada. Todavia, a decisão não foi tomada assim, de livre e espontânea vontade pelos juízes. A Associação Nacional de Jornais (ANJ) foi a maior “incentivadora do projeto”. Eles sim, ganham alguma coisa. Na diretoria da ANJ encontramos a presidente Judith Brito, do grupo Folha, e se fuçarmos mais nessa mesma diretoria encontramos os Marinho, os Sirotsky e mais representantes dos imensos Conglomerados Comunicacionais existentes no país.
Por essa jogada pseudo-democrática, no último ano várias barbáries contra os jornalistas foram cometidos. Dentre injustificadas demissões de profissionais, fechamento de cursos de jornalismo e até a realização de concursos públicos para a área sem exigência de curso superior.
Segundo o presidente da Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ), o catarinense Sérgio Murilo, depois da decisão do STF, até analfabetos estão entrando na justiça para ter registro de jornalista. Isso porque a turma do Ministro Gilmar não só excluiu a necessidade de um diploma, no entanto, excluiu a necessidade de estudo para que uma pessoa esteja apta a ser jornalista. Coincidentemente, a decisão veio alguns meses antes do início da campanha salarial da classe. Um prato cheio para os empresários, que agora têm uma arma a mais para arrochar os salários, demitir os descontentes e precarizar, cada vez mais, as condições de trabalho dos jornalistas.
O que diriam Otto Groth, Adelmo Genro, Daniel Herz, e tantos outros teóricos e profundos conhecedores da práxis jornalística. Com certeza, o STF nada sabe sobre estes homens e seus trabalhos, e se sabe, não tem o mínimo de respeito.
Para lembrar esse fatídico um ano da decisão, o Sindicato de Jornalistas de Santa Catarina e a Regional Sul da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação (Enecos) programaram pequenos atos para que essa data não passasse em branco e que esse golpe no peito dos jornalistas não fosse esquecido. Na quinta-feira (17) estudantes e profissionais se encontraram na “esquina democrática” na Rua Felipe Schmidt no centro de Florianópolis, distribuíram panfletos e conversaram com a população. Muito bem recebidos pelos transeuntes, as entidades profissionais e estudantis estão programando para as próximas semanas atos dentro das Universidades da Grande Florianópolis, onde há cursos de jornalismo. É sempre bom lembrar que o rico estado de Santa Catarina, que os jornalistas detêm o mais baixo piso salarial do país.
Agora, para estudantes e profissionais, a luta continua. A favor da obrigatoriedade do estudo do jornalismo, contra o arrocho salarial das grandes empresas e contra a preguiça que acomete estudantes e profissionais acomodados com a triste realidade do jornalismo brasileiro.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário