terça-feira, 29 de junho de 2010
Em defesa da Liberdade!!
Um ano passou desde o golpe que depôs o então presidente hondurenho, Manuel Zelaya, sob acusações de que pretendia um segundo mandato (o que não é permitido em Honduras). A Capital Tegucigalpa, no dia 28 de junho de 2009, amanheceu tomada por militares que impediram que os veículos de comunicação dissessem uma só palavra sobre o que acontecia. Assumiu a presidência Roberto Micheletti, que instituiu uma forte repressão ao povo hondurenho. Zelaya, expulso do país, retornaria mais tarde, sendo abrigado na Embaixada brasileira em Tegucigalpa.
Em Honduras, assim como no Brasil, a maioria dos meios de comunicação apoiou o golpe, já que são pertencentes a poucos empresários podres de rico, que viam na aproximação de Zelaya e do presidente venezuelano, Hugo Chávez, uma ameaça à sua hegemonia. Por mais que o golpe tenha sido bem executado, as ambições dos meios de comunicação hondurenhos foram por água a baixo. Uma rádio chamada Rádio Globo Honduras (que nada tem a ver com as organizações da família Marinho) decidiu seguir na contramão. A Rádio Globo começa a transmitir 24h por dia, denunciando o golpe e a repressão que se instalara naquele país. Driblando os censores eles ficam no ar até 21 de Setembro de 2009, quando a rádio é invadida pelos militares. A emissora começou a transmitir na clandestinidade até o dia 19 de outubro. A Rádio Globo, que figurava na terceira colocação da audiência, virou a rádio mais ouvida de Honduras e passou a ser acompanhada, pela Internet, por países do mundo todo.
Além da rebeldia midiática da Rádio, o povo hondurenho saiu às ruas protestando contra o golpe. Milhares de pessoas, todos os dias, mostram cartazes, tapam suas bocas com esparadrapos, e realizam várias formas de protestos. Para retrucar, a polícia e o exército, excessivamente armados, atacam seu próprio povo, seus irmãos de pátria, que reivindicam direitos básicos de todo o cidadão: votar, eleger e ser respeitado.
A repressão de Micheletti seguiu até as eleições realizadas em 29 de novembro. Nesse dia foi eleito para presidente Porfírio Lobo. O pleito, todavia, foi ilegal do começo ao fim. As eleições foram mantidas mesmo com a ditadura que depôs o presidente. Para a realização de novas eleições, preceitos democráticos deveriam ter sido respeitados. A volta de Zelaya ao cargo para o qual foi eleito democraticamente, o término da censura aos poucos meios de comunicação que se opunham ao golpe, o fim da repressão militar instalada nas ruas de Tegucigalpa. No dia da eleição compareceram bem menos de 50% dos cidadãos votantes, o que torna ilegítimo, mais uma vez, o pleito realizado.
Para os Estado Unidos, seus aliados na Europa e seus capachos na América (Colômbia e Peru) as eleições põem um fim na “crise” que se instalara em Honduras. Brasil, Argentina, Equador, Venezuela e os outros países da América do Sul não reconhecem até hoje a posse e o governo de Lobo.
Em visita ao Brasil no início deste ano, o Jornalista da Rádio Globo, Rony Martinez, esclareceu que Zelaya nunca pretendeu mais um mandato, apenas queria instalar uma quarta urna para consultar o povo se seguiam em Democracia Representativa, ou mudavam para uma Democracia Participativa. Apesar de eleito pelo partido conservador, Zelaya se mostrou um presidente muito popular, que antes de qualquer coisa, defendia o interesse de seu povo, contrariando as deliberações de seu partido. Rony afirmou também que apesar da eleição de Porfírio Lobo, a repressão continuou. Mais branda e mascarada, o governo continuou a perseguir e assassinar opositores e jornalistas.
Hoje, um ano depois, as lutas continuam. Enquanto os históricos golpistas internacionais, aqueles que todos sabemos quem são, fingem estar tudo bem em Honduras, mulheres e homens são perseguidos, presos e mortos. Com o passar desses 365 dias é bom que não esqueçamos o que acontece naquele país. A luta pela liberdade hondurenha não é só deles, mas dos brasileiros, argentinos, uruguaios, todos que já pagaram o preço imensurável da falta de liberdade.
Contribuições fotográficas de http://honduraselogoali.blogspot.com/, blog do jornalista grande companheiro, Celso Martins.
sábado, 19 de junho de 2010
Um ano depois, a luta ainda vive.
Alguém lembra o que aconteceu em 17 de junho de 2009? Se a resposta for não, não se sinta mal. De lá pra cá foram 365 dias e o fato, com certeza, foi o menos repercutido na imprensa brasileira.
Nessa data, o Supremo Tribunal Federal (STF), liderado pelo seu Presidente (na época) Gilmar Mendes, “em nome da liberdade de expressão” votou pela não obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo. E o que eles ganham com isso? Diretamente nada. Todavia, a decisão não foi tomada assim, de livre e espontânea vontade pelos juízes. A Associação Nacional de Jornais (ANJ) foi a maior “incentivadora do projeto”. Eles sim, ganham alguma coisa. Na diretoria da ANJ encontramos a presidente Judith Brito, do grupo Folha, e se fuçarmos mais nessa mesma diretoria encontramos os Marinho, os Sirotsky e mais representantes dos imensos Conglomerados Comunicacionais existentes no país.
Por essa jogada pseudo-democrática, no último ano várias barbáries contra os jornalistas foram cometidos. Dentre injustificadas demissões de profissionais, fechamento de cursos de jornalismo e até a realização de concursos públicos para a área sem exigência de curso superior.
Segundo o presidente da Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ), o catarinense Sérgio Murilo, depois da decisão do STF, até analfabetos estão entrando na justiça para ter registro de jornalista. Isso porque a turma do Ministro Gilmar não só excluiu a necessidade de um diploma, no entanto, excluiu a necessidade de estudo para que uma pessoa esteja apta a ser jornalista. Coincidentemente, a decisão veio alguns meses antes do início da campanha salarial da classe. Um prato cheio para os empresários, que agora têm uma arma a mais para arrochar os salários, demitir os descontentes e precarizar, cada vez mais, as condições de trabalho dos jornalistas.
O que diriam Otto Groth, Adelmo Genro, Daniel Herz, e tantos outros teóricos e profundos conhecedores da práxis jornalística. Com certeza, o STF nada sabe sobre estes homens e seus trabalhos, e se sabe, não tem o mínimo de respeito.
Para lembrar esse fatídico um ano da decisão, o Sindicato de Jornalistas de Santa Catarina e a Regional Sul da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação (Enecos) programaram pequenos atos para que essa data não passasse em branco e que esse golpe no peito dos jornalistas não fosse esquecido. Na quinta-feira (17) estudantes e profissionais se encontraram na “esquina democrática” na Rua Felipe Schmidt no centro de Florianópolis, distribuíram panfletos e conversaram com a população. Muito bem recebidos pelos transeuntes, as entidades profissionais e estudantis estão programando para as próximas semanas atos dentro das Universidades da Grande Florianópolis, onde há cursos de jornalismo. É sempre bom lembrar que o rico estado de Santa Catarina, que os jornalistas detêm o mais baixo piso salarial do país.
Agora, para estudantes e profissionais, a luta continua. A favor da obrigatoriedade do estudo do jornalismo, contra o arrocho salarial das grandes empresas e contra a preguiça que acomete estudantes e profissionais acomodados com a triste realidade do jornalismo brasileiro.
Nessa data, o Supremo Tribunal Federal (STF), liderado pelo seu Presidente (na época) Gilmar Mendes, “em nome da liberdade de expressão” votou pela não obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo. E o que eles ganham com isso? Diretamente nada. Todavia, a decisão não foi tomada assim, de livre e espontânea vontade pelos juízes. A Associação Nacional de Jornais (ANJ) foi a maior “incentivadora do projeto”. Eles sim, ganham alguma coisa. Na diretoria da ANJ encontramos a presidente Judith Brito, do grupo Folha, e se fuçarmos mais nessa mesma diretoria encontramos os Marinho, os Sirotsky e mais representantes dos imensos Conglomerados Comunicacionais existentes no país.
Por essa jogada pseudo-democrática, no último ano várias barbáries contra os jornalistas foram cometidos. Dentre injustificadas demissões de profissionais, fechamento de cursos de jornalismo e até a realização de concursos públicos para a área sem exigência de curso superior.
Segundo o presidente da Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ), o catarinense Sérgio Murilo, depois da decisão do STF, até analfabetos estão entrando na justiça para ter registro de jornalista. Isso porque a turma do Ministro Gilmar não só excluiu a necessidade de um diploma, no entanto, excluiu a necessidade de estudo para que uma pessoa esteja apta a ser jornalista. Coincidentemente, a decisão veio alguns meses antes do início da campanha salarial da classe. Um prato cheio para os empresários, que agora têm uma arma a mais para arrochar os salários, demitir os descontentes e precarizar, cada vez mais, as condições de trabalho dos jornalistas.
O que diriam Otto Groth, Adelmo Genro, Daniel Herz, e tantos outros teóricos e profundos conhecedores da práxis jornalística. Com certeza, o STF nada sabe sobre estes homens e seus trabalhos, e se sabe, não tem o mínimo de respeito.
Para lembrar esse fatídico um ano da decisão, o Sindicato de Jornalistas de Santa Catarina e a Regional Sul da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação (Enecos) programaram pequenos atos para que essa data não passasse em branco e que esse golpe no peito dos jornalistas não fosse esquecido. Na quinta-feira (17) estudantes e profissionais se encontraram na “esquina democrática” na Rua Felipe Schmidt no centro de Florianópolis, distribuíram panfletos e conversaram com a população. Muito bem recebidos pelos transeuntes, as entidades profissionais e estudantis estão programando para as próximas semanas atos dentro das Universidades da Grande Florianópolis, onde há cursos de jornalismo. É sempre bom lembrar que o rico estado de Santa Catarina, que os jornalistas detêm o mais baixo piso salarial do país.
Agora, para estudantes e profissionais, a luta continua. A favor da obrigatoriedade do estudo do jornalismo, contra o arrocho salarial das grandes empresas e contra a preguiça que acomete estudantes e profissionais acomodados com a triste realidade do jornalismo brasileiro.
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