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domingo, 5 de julho de 2009

manifesto contra a decisão do supremo de 17/06/2009

Encomodemos :)

No dia 30 de abril de 2009 os jornalistas e a sociedade brasileira foram contempladas com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de abolir por completo a lei de Imprensa. Sancionada em 09 de fevereiro de 1969 em plena ditadura militar, essa legislação cerceava e limitava arbitrariamente a liberdade de expressão e o poder da imprensa. O veredicto foi uma grande vitória e um passo significativo rumo à democracia no Brasil.
Mas como neste país alegria de pobre dura pouco. Em 17 de junho de 2009 a mesma corte que ora agraciou a classe jornalística, aplica um golpe certeiro no seio da nação, aprovando uma lei que desobriga a graduação no curso de jornalismo àquele que quer exercer a profissão, contrariando o Decreto-Lei 972, que exigia o diploma. Amparando as elites empresariais de São Paulo, a instância maior da justiça nacional atacaram milhões de profissionais que dedicaram décadas ao aperfeiçoamento do trabalho jornalístico, dezenas de universidades que investem neste curso e inúmeros universitários, como eu, que escolheram o jornalismo pelo romantismo da profissão, ou por seu ideal de luta em busca de uma sociedade mais digna, justa e igual.
E agora, o que será das faculdades de jornalismo? De seus acadêmicos? O diploma não serve mais pra nada? São inúteis os jornalistas devidamente capacitados academicamente?
Suplico aos reitores das universidades, coordenadores e professores deste curso, que não desistam de seus alunos apaixonados e obstinados, pois nós mudaremos o mundo. Inútil são as barreiras antidemocráticas impostas aos paladinos da verdade. Jornalista não é aquele que sabe escrever, no entanto, aquele que sabe ver o mundo como ele é e tem coragem, audácia e, principalmente, vontade de lutar, armados de idéias e princípios pela mudança, pela democracia e pelo povo.
Um advogado, com toda a sua lábia e oratória, pode escrever muito bem, mas não tem a visão social e progressista de um jornalista. Este é o grande diferencial, a preocupação com a sociedade como um todo, não exclusivamente com a elite.
A única palavra que me vem a mente agora é vergonha. Vergonha do judiciário brasileiro, elitista e hipócrita, que pouco se importa com a busca pela verdade, promovida pelos verdadeiros jornalistas e sim, quer transformar um profissão grandiosa e revolucionária em algo pífio, diminuto e frágil. O que a Suprema corte brasileira não sabe é que somos fortes, se unidos invencíveis. E que mesmo com esse golpe não perderemos nossa força, o jornalista de verdade saberá se diferenciar e mostrar seu trabalho mesmo sem a obrigatoriedade de um diploma. Se hoje, diplomados e diplomandos, somos inúteis amanhã reinaremos.
O que nos resta hoje, além do ideal, é o orgulho e haverá o dia em que a classe, que ora nos rebaixa e humilha, irá nos pedir desculpar e nos devolver a tão merecida soberania profissional e como disse Chico Buarque "e esse dia há de vir antes do que você pensa". Vinte e um anos de ditadura militar não nos destruíram, não será um judiciário fraco e sem crédito que terá essa façanha.
Meu nome é Carlos hoje estudo pra ser um jornalista formado, inútil, mas apaixonado.
Texto redigido em 18 de junho de 2009 por Carlos Henrique Pianta da Silva.

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